15/07/2009

As outras doenças dos celíacos: DEPRESSÃO


Sendo considerada por muitos como a doença do século (a par da obesidade), a depressão afecta cerca de 15% da população, com uma incidência especial ao nível do sexo feminino.

Os doentes celíacos, devido à sua pobre absorção vitamínica e mineral (antes do início e na primeira fase da dieta sem glúten), são mais susceptíveis à depressão do que a restante população pois, para além de se sentirem permanentemente indispostos, não possuem o equilíbrio nutricional necessário ao bem-estar orgânico.

Recentemente, pesquisas médicas demonstraram ainda uma estreita relação entre a activação do sistema imunitário e a depressão major. No caso específico da doença celíaca temos que a disfunção ao nível da mucosa intestinal, marcada por uma elevada deslocação de bactérias gram-negativas, joga directamente com a fisiopatologia da depressão, sendo que muitos pesquisadores sugerem que os marcadores IgM e IgA, sejam usados como forma de rastrear doentes que sofrem de depressão causada por défices de absorção. (Adams, J.; 2008)

Mais especificamente podemos abordar a questão sob o seguinte ponto de vista: o sistema imunitário de um celíaco responde à proteína gliadina. Infelizmente, a proteína gliadina apresenta uma estrutura semelhante a outras proteínas presentes no corpo humano, incluindo algumas relacionadas com o sistema nervoso. Pode acontecer que, em alguns casos, o corpo “confunda” a proteína gliadina com outras proteínas que lhe sejam semelhantes, reagindo contra estas. (Petersen, V.; 2009)

Existe ainda um aminoácido presente no corpo humano, denominado triptofano, que é o responsável pela sensação de bem-estar e relaxamento. No caso dos celíacos, o défice de absorção deste aminoácido pode levar a sentimentos depressivos. (Petersen, V.; 2009)

Segundo muitos autores, a partir do momento em que a dieta sem glúten começa a produzir efeitos ao nível da mucosa intestinal e a absorção aumenta, a depressão terá tendência a melhorar, mesmo sem recurso a fármacos. É aconselhável, contudo, a que caso pense estar perante uma depressão (tristeza, labilidade emocional, apatia, anedonia, vontade de morrer) procure a ajuda de especialistas reforçando sempre o facto de ser celíaco.
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Na próxima Quarta-feira: Doença Tiróidea.
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Carmen G.

1 comentário:

Paula Moreira disse...

Sempre me considerei uma pessoa triste, isolada, irritada com tudo e com todos, desde os meus tempos de criança que ainda não sabia ler.
Íam surgindo outros problemas de saúde, corri muitos especialistas, mas a tristeza e a angústia cresciam... Medicada apenas aos 22 anos com uma depressão, continuava com os mesmos sintomas e desenvolvi ataques de pânico.
Sempre achei que era normal a tristeza na minha vida; quando soube que era depressão tentei perceber os porquês.
Passado mais uns anos, numa das intermináveis idas às urgências com sintomas de intoxicação alimentar, cruzou-se comigo uma médica que me perguntou "Outra vez aqui?"
Felizmente essa pergunta veio resolver muita coisa. Pediu-me para ir ter com ela, fez-me umas análises "especiais" e passado 1 mês chamou-me... deram positivo.
Desde a dieta sem glúten que deixei de ter muitos sintomas, no entanto a depressão acompanha-me, mais ou menos, consoante a vida.
Aprendi a viver sem glúten (e eu que adorava comer e não dispensava uma cervejinha) e estou a aprender a lidar com a depressão.
Um conselho...
Se sempre se sentiram assim, nada custa fazer um rastreio ao sangue. Quem sabe não encontrarão a solução.
Para os familiares outro conselho: muita paciência... dou graças por ter uma família (biológica e de amigos) que me entendem e "aturam".

PM