22/05/2009

Terapêutica prejudicial a celíacos: mito ou realidade?


Certamente que todos nós já fomos, pelo menos uma vez, confrontados com a informação de que existem medicamentos que, por conterem amido de trigo, não são aptos para celíacos. A APC jovem decidiu estudar aprofundadamente esta temática sendo que, a ideia inicial, era a realização de uma lista com os medicamentos interditos, no entanto, após pesquisa exaustiva e contactos com o INFARMED fomos informados de que não existem medicamentos prejudiciais para celíacos.

A realidade, segundo o INFARMED, é que de acordo com a guideline Excipients in the label and package leaflet of medicinal products for human use, os medicamentos que contêm na sua composição amido de trigo devem referir no folheto informativo que a sua administração é adequada para doentes celíacos e que aqueles que tenham alergia ao trigo não o devem tomar (nr. A DC não é uma alergia mas sim uma doença do tipo auto-imune). Esta mesma guideline refere que o amido de trigo pode conter glúten mas apenas em quantidades vestigiais e que, portanto, são consideradas seguras para os doentes celíacos. A quantidade de glúten é avaliada tendo por base os testes de doseamento de proteínas totais descritos na Farmacopeia Europeia.

Podemos então concluir que o amido de trigo, na dosagem presente nos comprimidos é seguro para todos nós. Sabemos, contudo, que poderão surgir algumas “desconfianças” e a necessidade de jogar pelo seguro de muitos celíacos mas, para este caso apresentamos o exemplo de medicamentos como o Flexar (anti-inflamatório) e o Fenergan (anti-histamínio) que contêm na sua composição amido de trigo e descrevem no seu folheto informativo que “Este medicamento contém amido de trigo. Adequados para indivíduos com doença celíaca. Doentes com alergia ao trigo diferente de doença celíaca não devem tomar este medicamento”.

Segundo informação do INFARMED, todos os medicamentos com amido de trigo deveriam trazer esta advertência, ou seja, todos são seguros para celíacos mas não devem ser tomados por pessoas com alergia ao trigo (em breve iremos apresentar aqui no SEM ESPIGA um texto com a diferença entre doença celíaca e alergia ao trigo). Existem inclusive casos como o do flagyl (anti-infeccioso) que não tem substituto directo (pelo menos para o sexo masculino pois as mulheres dispõem da forma terapêutica de óvulo vaginal), e que muitos celíacos não tomam, infundadamente, prolongando assim a infecção.

Reforçamos a ideia de que os medicamentos com amido de trigo na sua composição apresentam-no em quantidades vestigiais, muito mais baixas em termos de partes por milhão, do que as próprias farinhas, que adquirimos como isentas de glúten. Os medicamentos são seguros sendo creditados por uma norma europeia. Não deverá, no entanto, de deixar de se aconselhar com o seu médico.

APC Jovem

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