24/10/2008

Seminário "Glúten e Segurança Alimentar"

Imagem retirada daqui: http://grito-rbu.blogspot.com

No passado dia 14 de Outubro, ao longo de todo o dia, realizou-se o seminário “Glúten e Segurança Alimentar” no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).


Este seminário teve como objectivos mostrar a realidade (possível) da doença celíaca (DC) em Portugal, através de apresentações sobre conceitos teóricos da DC, o seu diagnóstico, de como é ser celíaco e quais as principais dificuldades com que este se depara; como se processa o controlo e segurança alimentar nos sectores da produção e distribuição de alimentos tendo em conta a especificidade da dieta celíaca, onde intervieram diferentes empresas que trabalham nesta área (Sense Test, Ramazzoti, Moagem Ceres, Dietimport, Modelo/Continente, Grupo Auchan e Cateringport); e qual o panorama da fiscalização e controlo de alimentos sem glúten, estando presentes para o efeito, responsáveis da Direcção Geral de Saúde (DGS) e da Autoridade da Segurança Alimentar e Económica (ASAE).

Ao longo do período em que pudemos acompanhar o evento (à tarde tive que me ausentar), foi possível registar um conjunto de ideias sobre a temática abordada, sendo as seguintes as de maior relevo:

- O estudo efectuado pela Dr. ª Marina Pité (INSA), revelou que tanto as farinhas de arroz como as de milho analisadas, continham valores de glúten acima do recomendado, devendo-se este facto à contaminação, a partir da elaboração de outras farinhas no mesmo local. Referiu ainda a falta de rigor das rotulagens, sendo que em muitos produtos vem indicado “poderá conter vestígios de glúten” e a posterior análise revela a sua ausência, restringindo a oferta de produtos aos celíacos;

- A apresentação do Dr. Paulo Ramalho (Faculdade de Medicina de Lisboa), focando-se nos mecanismo da DC, reforçou o estado crónico desta e que a terapêutica resume-se a uma dieta isenta de glúten, referindo o conjunto preocupante de pessoas que não estão diagnosticadas, visto estarem com a DC num estado “silencioso”;

- O Dr. Mário Rui (ex-presidente da APC), também referiu o potencial número de celíacos que não estão diagnosticados como um dos maiores desafios da associação e que as prioridades desta são o rastreio da DC na população Portuguesa em todas as faixas etárias e o aumento da segurança e controlo alimentar nas empresas que produzem e distribuem alimentos. Foram ainda enumeradas um conjunto de dificuldades com que o celíaco se confronta, como a falta de menus sem glúten, o desconhecimento da maioria dos hotéis, restaurantes e pastelarias acerca da DC e o que isso acarreta para o celíaco, e ainda a deficiente distribuição dos produtos sem glúten, sendo muito difícil a aquisição fora dos grandes centros urbanos. A sua apresentação foi concluída, referindo como soluções futuras, a APC funcionar como entidade creditada para a formação, controlo e acompanhamento na área da segurança alimentar relativamente ao glúten; as empresas do sector alimentar serem responsabilizadas pela análise aos seus produtos; e ainda o aumento de celíacos diagnosticados sócios para a APC defender melhor os direitos dos celíacos;

- A Dr.ª Diana Veloso e Silva (Hospital de S. João), falou da sua experiência no trabalho com celíacos, apontando como principais dificuldades ao cumprimento da dieta, a falta de conhecimento de quem muitas vezes os rodeia, bem como a passagem por determinadas fases da vida (adolescência). Contou também as acções desenvolvidas no seu hospital (acções de formação a Pais, encontros de jovens celíacos, refeições sem glúten) como iniciativas para combater as dificuldades referidas.


João R.

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