31/10/2008

Ser amigo de um celíaco é ser celíaco também...

Tatiana, Carmen (celíaca) e Susaninha

A doença celíaca, dentro do nosso grupo de amigos, era desconhecida por grande parte destes. Não é daquelas doenças que se ouça falar muito. Não sabíamos o que era, nem porque era, nem como era… E mesmo quando confrontados com a ideia de que o controlo da doença passa por uma dieta sem glúten, muitos questionavam-se sobre quais os alimentos que contêm, e não contêm, glúten.


Apesar destas incertezas, desde o início, a adaptação dos amigos foi fácil. Claro que, por vezes, esquecíamos que não podíamos oferecer um pouco do chocolate ou do bolo que estávamos a comer, mas um amigo celíaco faz sempre questão de nos lembrar e reforçar que não pode comer o que lhe oferecemos. Rapidamente a nossa alimentação passou a ter em conta as quantidades de glúten presente em cada alimento, tanto que quando apetece petiscar umas batatas fritas trazemos umas tiras de milho porque sabemos que as podemos oferecer e que o nosso amigo aceita com um brilho nos olhos.

Quando é diagnosticada a doença celíaca, toda a vida do nosso amigo sofre uma destabilização. E cabe aos amigos e à família apoiar no sentido de estabilizar a vida do amigo celíaco. Pela nossa experiência, a nossa amiga celíaca, antes do diagnóstico, era uma pessoa magra, pálida, com falta de força e de vontade. Ao vê-la assim e após cada má disposição, tentávamos estabilizá-la com torradinhas e chá, sem sabermos o mal que lhe fazíamos. Com o diagnóstico o choque foi grande, as lágrimas foram muitas e a adaptação foi difícil, contudo as melhorias saltaram à vista. Tornou-se numa pessoa com força, com vontade de viver, feliz e em harmonia consigo e com os seus alimentos sem glúten. Isto leva-nos a crer que embora a mudança seja difícil, vale a pena o esforço.

Ser amigo de um celíaco é tornarmo-nos celíacos também. Com isto queremos dizer que passámos a saber quais os alimentos proibidos, olhámos os rótulos de outra maneira, as festas de anos têm sempre um bolo de aniversário sem glúten, os jantares de grupo têm sempre um pedido persuasivo de dieta especial (arroz sem knorr, cozido apenas em água e sal e bife de perú grelhado só com sal e alho, desde que não seja em pó)… E vivemos muito bem com isso!
*
Susaninha e Tatiana P. (amigas da Carmen)

7 comentários:

SusanaMama disse...

Concordo plenamente. E ainda bem que existem amigas como voçês. Isso sim, é a amizade.
No caso do meu filho, os coleguinhas da escola ficaram com outra percepção e eles proprios diziam aos pais quando iam às compras que o Colega Ricardo não podia comer aquilo. No caso das festas é dificil. Tenho que ser eu a pensar no que levar, mesmo que sejam festas de familia. Ainda outro dia, ele proprio dizia nos seus pacatos 6 anos que nunca mais tinha comido um bolo de aniversario. E quando eu fiz o bolo de anos do pai que ele podia comer, delirou.

Parabéns por serem amigas verdadeiras.

Bjs a todas

Sol disse...

Ana Rita:

Eu tb senti muito isso, ainda por cima pq a DC ja me foi diagnosticada mt tarde (19 anos). Na faculdade não faziam comida para mim e a minha vida deu uma volta... Este ano acabo o curso e está-me a custar ver toda a gente a fazer planos para a viagem e eu saber que não vou poder ir, pq eles vão para regime de hotel com refeições incluidas num sitio onde nem sabem bem o que é a doença celiaca... Tb me custou nunca ter mais ido a um salão de chá que adoro comer um crepe... Custa sempre!

Mas sou mt mais feliz agora! Aprendi a viver com isto "seriamente na boa" como no anúncio =) É normal q às vezes nos sintamos mais tristes ou incompreendidos mas tb... O que seria deste mundo se todos estivessemos sempre, a todo o momento, felizes?

A DC começa agora a ser conhecida, e como eu falava com o João no outro dia, isto é coisa pa, mais tarde ou mais cedo, os celíacos dominarem o mundo =)

Felizes com a DC! Como eu e como tu de certeza!

E olha, pelo menos reparam em nós pela diferença... Eu já tou como a Lili Caneças, grande filósofa dos nossos tempos, falem bem ou falem mal mas falem =)

Um grande beijinho

Carmen G.

João disse...

Ana Rita: Essa situação que falas é das mais complicadas de enfrentar na caminhada do celíaco. Mas umas das estratégias que poderás utilizar é "afirmares-te" como celíaca plenamente.Encarar a intolerância com a normalidade possível, falar dela ao maior número possível de pessoas que te rodeiam, "brincar" com as tuas particularidades, etc. E às vezes na tua vida, tu tens a necessidade de ser diferente dos outros, não seres mais um e esta doença dá-te essa "oportunidade". Acho que podes tornar numa coisa bastante positiva e que poderá até aproximar-te de um maior número de pessoas em vez de te afastar.

Até te proponho que te juntes ao grupo de jovens, todos somos importantes para o grupo crescer. Em breve, vão surgir novidades e esperamos contar com a tua presença.

Carmen:Se queremos dominar o mundo:)temos que ir a todo o lado. Eu fiz viagem de finalistas e até a um país culturalmente diferente e arranjei forma de solucionar a questão da alimentação. Com
calma e bem planeadas, as coisas resultam. Eu posso te ajudar:)

Fiquem bem

Anónimo disse...

No meu grupo de amigos também sinto que eles partilham da doença celiaca comigo.

Lembro me de ter começado o secundario numa escola nova, portanto amigos novos, e eles acharem muita piada ao meu lanche ser por vezes pipocas.
Muitas vezes também ficava a olhar po lanche deles que eram bolos e sandes e pensar q o meu não era grande coisa. Até que aos poucos os meus amigos começaram a trocar o lanche deles, para se juntarem a mim e lancharem pipocas entre outras coisas... com amigos assim acho que tudo se torna mais facil.

Em relação às viagens, concordo com o que o joão disse. Ás vezes até é mais facil do que parece. Este ano fui passar umas curtas ferias a Roma, e no hotel onde estava, os empregados sabiam o que era a doença celiaca, (eu tinha a tal "mala extra" só com a comida sem gluten e voltei para casa com ainda metade da comida). Em quase todos os sitios onde comi, tive direito a uma refeiçao com massa sem gluten, pão e até bolachas. na minha viagem de finalistas e nas ferias que passo fora tento sempre explicar m o melhor possivel e pedir coisas simples.

tb concordo com o dominio dos celiacos ^^

beijos

Anónimo disse...

Ola a todos, é a primeira vez que entro neste blog. E estou a gostar bastante de ler e ver o que outras pessoas com o mesmo problema que eu
pensam e agem com este modo de vida. Pois é raro encontrar pessoas com esta doença.

Ainda bem que fizeram este blog, a mim ajuda-me imenso ouvir relatos de vida de outra pessoas e a maneira de como elas pensam.

sou celiaca desde os meus 4 anos, tenho agora 16 e, sinceramente, estou naquela fase em que me está a custar mais, ser celiaca. Eu penso como a Ana Rita, nao sei que idade ela tem, mas também me custa ver os outros a comer bolos, gomas, chocolates, etc, ao qual eu nao posso nem tocar. Estou numa escola nova e tem sido complicado.
Posso dizer que antes não era assim, até aos 14 anos eu era uma rapariga sem preocupações em relação a esta doença e fazia uma dieta rigorosa isenta de gluten, mas apartir daí começou-me a surgir imensas dúvidas sobre tudo isto. Porque foi sempre a minha mãe a conduzir-me ao longo da minha vida, até que cheguei a uma certa idade e fiquei a pensar o porquê de tudo isto. A minha mãe faz de tudo para que eu me sinta bem e faz de tudo para que eu faça desta doença uma simples dieta e embora ela me tenha explicado mais ou menos o que era realmente a DC quando eu era mais nova, eu nunca tinha entendido o que realmente era. Tenho hoje 16 anos, e já sei as consequencias do glúten na minha vida, no entanto, continua a ser dificil ter esta dieta. Sei que já tenho idade suficiente para ter juízo :P mas é dificil.


Eu nunca convivi nem falei com pessoas com a Doença Celiaca, e por isso nunca soube se sou a única a passar por isto. A passar pela fase das incertezas.
Se é que me compreendem :P

E pela primeira vez estou a ver confissões de outras pessoas como eu :D




bem... Estou a gostar bastante!
continuem...

BEIJOS !

Unknown disse...

Sara,

Esta 6a feira temos um jantar de Natal no restaurante Moinho Alentejano e gostávamos muito que pudesses vir.

Acho q ía ser muito giro estares com pessoas pouco mais velhas q tu e q partilham a mesma 'dieta' e também já passaram por fases difíceis.

Se for preciso falar com os teus pais avisa.

Bjs,
Marta

Anónimo disse...

Já soube desse jantar :P

mas nao vai dar, é muito longe, e é já este fim de semana, um bocado em cima da hora.

=/

beijos.