11/07/2010

Predisposição genética à doença celíaca

Para que surja doença celíaca, é necessário o contacto com o glúten, mas há que ter em conta outros factores predisponentes.

Na origem da doença está uma reacção das células imunitárias do intestino às moléculas de gliadina, a qual é um componente do glúten. Esta reacção conta com dois intermediários: as células apresentadoras e a molécula HLA. As células apresentadoras recolhem a gliadina; esta é apresentada à superfície incorporada num HLA, e este HLA tem por função tornar a gliadina (e outras moléculas) reconhecível pelas células imunitárias. É a partir deste reconhecimento que é despoletada a reacção imunitária, da qual resulta a lesão do intestino e a produção de três tipos de anticorpos (anti-gliadina, anti-transglutaminase e anti-endomísio) que podem ser pesquisados no sangue e ser utilizados no diagnóstico e na monitorização da doença celíaca. A imagem ilustra o que foi referido*:


90% dos doentes celíacos têm HLA do tipo DQ2 e os restantes 10% do tipo DQ8. A determinação do tipo de HLA pode excluir o diagnóstico de doença celíaca, caso a pessoa apresente HLA não-DQ2 não-DQ8.

Apenas cerca de 4% das pessoas que têm HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 desenvolvem doença celíaca quando expostas ao glúten. Existem, portanto, outros factores genéticos e ambientais necessários ao aparecimento da doença para além da exposição ao glúten e do HLA-DQ2/HLA-DQ8.


*Retirado de artigo de revisão: Green P, Cellier C, "Celiac Disease", The New England Journal of Medicine, Outubro de 2007.

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