A doença celíaca afecta até 1% da população. Estudos epidemiológicos recentes feitos em vários países demonstraram que a prevalência (número total de casos) de doença celíaca nas pessoas com síndrome de Down é significativamente superior a este valor, variando entre os 3.8 e os 18.6% de acordo com o país e a faixa etária.
A doença celíaca apresenta um amplo espectro clínico para além da apresentação clássica, a qual consiste num síndrome de má absorção intestinal.
Existe doença celíaca sem sintomas. Existe doença celíaca com manifestações extra-intestinais que podem perturbar qualquer órgão ou sistema do corpo, e esta apresentação extra-intestinal é a forma mais frequente de surgimento da doença nos adultos. Esta diversidade de manifestações da doença (que inclui a ausência de sintomas) tornou consensual a necessidade de fazer o rastreio da doença celíaca em pessoas que são portadoras de doenças que lhe estão associadas.
O Down's Syndrome Medical Interest Group (www.dsmig.org.uk) é uma organização composta por profissionais de saúde do Reino Unido e da Irlanda que tem por objectivo partilhar e disseminar informação médica sobre a síndrome, e promover uma abordagem especializada ao seguimento dos portadores de síndrome de Down.
O DSMIG refere que o diagnóstico de doença celíaca num portador de síndrome de Down é difícil pois alguns dos sintomas da síndrome podem mascarar os sintomas da doença celíaca. O DSMIG recomenda um rastreio por doseamento dos anticorpos anti-endomísio a todos os portadores de síndrome de Down com um quadro clínico que suporte a suspeita de doença celíaca. Consulte o documento em www.dsmig.org.uk/library/articles/keypoints-coeliac.pdf.
Um estudo português procurou avaliar a prevalência da doença celíaca nas crianças e adultos com síndrome de Down em Portugal, e aponta para uma prevalência de 9.2%.* A maioria dos doentes diagnosticados com doença celíaca por este estudo não apresentava qualquer sintoma. Os autores do estudo concluem que deve ser oferecido aos portadores de síndrome de Down um rastreio para a doença celíaca, não dependente da existência de sintomas e feito por doseamento dos anticorpos anti-endomísio.
Note-se que os portadores de síndrome de Down são mais susceptíveis ao excesso de peso, e que a introdução da dieta isenta de glúten pode aumentar mais esse risco. O excesso de peso, em qualquer pessoa, é um factor de risco cardiovascular.
* Cerqueira R et al, Celiac disease in Portuguese children and adults with Down syndrome, European Journal of Gastroenterology and Hepatology, 2010. Artigo escrito por três gastrenterologistas e uma pediatra do Hospital de São Sebastião - Santa Maria da Feira.
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2 comentários:
Caros internautas,
Ontem foi um dia em que fiquei particularmente contente.
Ao estar com uma pessoa detentora desse problema de saúde (doença celíaca), à qual há cerca de 4 meses atrás lhe tinha aplicado um tratamento holístico, fiquei bastante satisfeito quando a pessoa me diz:
- Vitor, há cerca de 15 dias fui fazer um exame de rastreio para ver como estava esse problema de saúde e deu resultado Negativo.
Isto significa que o problema foi debelado.
Não levem a mal dizer, mas a minha única intenção é partilhar esta experiência que, no caso de necessidade, poderá ser provada através dos testes médicos da pessoa em causa.
Desejo-lhes todo o sucesso na procura de uma solução para este problema através dos vossos métodos de diagnóstico.
Namastê
Caro Vítor,
A doença celíaca é crónica, e os celíacos que não cumpram rigorosamente a dieta isenta de glúten para o resto da sua vida estão em risco de comprometer seriamente a sua saúde.
Embora outras terapêuticas, como o reiki, possam ser benéficas, terão sempre de ser acompanhadas desta restrição alimentar. Caso contrário, a saúde dessa pessoa estará em risco.
O diagnóstico de doença celíaca faz-se a partir de um quadro clínico sugestivo, através do doseamento dos anticorpos relacionados com a DC e de uma endoscopia com biópsia. Quando se retira o glúten da alimentação, a reacção intestinal reverte-se, conduzindo a resultados negativos no doseamento dos anticorpos e na endoscopia com biópsia. Isto significa que a doença celíaca está controlada, mas para que assim se mantenha é preciso manter a dieta sem glúten, ininterruptamente.
Atentamente,
Filipe Gomes
Associação Portuguesa de Celíacos
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