10/10/2008

Doença Celíaca - visão geral

(A imagem do iceberg, idealizada por Richard Logan em 1991, significa que a prevalência da Doença Celíaca é o total do iceberg. Tudo o que está abaixo do nível da água representa o número total de casos não diagnosticados numa dada população num dado momento, enquanto a ponta do iceberg, acima do nível da água, representa o número de casos diagnosticados, que é muito menor do que os não diagnosticados).

A doença celíaca é uma perturbação hereditária relativamente frequente, provocada por uma sensibilidade ao glúten, uma proteína que se encontra no trigo e no centeio e, em menor grau, na cevada e na aveia. Na doença celíaca, parte da molécula do glúten combina-se com anticorpos no intestino delgado, fazendo com que a mucosa intestinal, que normalmente tem uma forma de escova, se aplane. A superfície lisa resultante é muito menos capaz de digerir e de absorver nutrientes. Quando os alimentos que contêm glúten são eliminados, a superfície normal em forma de escova normalmente reaparece e a função intestinal volta a normalizar-se.



A doença celíaca pode começar em qualquer idade. Nos lactentes, os sintomas não aparecem até se ingerirem pela primeira vez alimentos que contenham glúten. A doença celíaca muitas vezes não provoca diarreia nem fezes gordas e uma criança pode ter só sintomas ligeiros, o que pode ser interpretado como a sintomatologia de simples queixas estomacais. No entanto, algumas crianças deixam de crescer com normalidade, sofrem distensão abdominal dolorosa e começam a eliminar fezes volumosas, de cor pálida e fétidas. Desenvolve-se anemia como consequência da deficiência de ferro. Se o valor das proteínas no sangue descer o suficiente, a criança retém líquidos e os tecidos podem inchar (edema). Em alguns, os sintomas não surgem até ao estado adulto.


As deficiências nutricionais resultantes da má absorção na doença celíaca podem provocar sintomas adicionais. Estes incluem perda de peso, dor nos ossos e sensação de formigueiro nos braços e nas pernas. Algumas pessoas que desenvolvem a doença celíaca na infância podem ter os ossos compridos e anormalmente arqueados. Dependendo da intensidade e da duração da perturbação, o doente pode ter valores baixos de proteínas, de cálcio, de potássio ou de sódio no sangue. Uma deficiência da protrombina, que é fundamental para o processo da coagulação sanguínea, facilita a formação de hematomas ou de hemorragias persistentes depois duma ferida. As jovens com doença celíaca podem sofrer de irregularidades menstruais.

O médico suspeita duma doença celíaca quando se vê perante uma criança com tez pálida, nádegas atróficas e ventre proeminente, apesar de ter uma alimentação adequada (sobretudo se existir uma história familiar da doença). Os resultados dos exames radiológicos e de laboratório podem ajudar o médico a fazer o diagnóstico. Por vezes é útil uma análise laboratorial que meça a absorção de xilose, um açúcar simples. O diagnóstico é confirmado por meio do exame duma biopsia que mostra um revestimento do intestino delgado achatado e a subsequente melhora do mesmo depois de deixar de ingerir produtos com glúten.

Os sintomas podem surgir até pela ingestão de pequenas quantidades de glúten, pelo que este deve ser totalmente excluído da dieta. O glúten é tão amplamente utilizado nos produtos alimentares que as pessoas com este problema precisam de listas detalhadas de alimentos a evitar e o conselho dum especialista em dietética.


in: Manual Merck
Carmen G.

15 comentários:

Anónimo disse...

olá!
um assunto muito importante e que nunca vi discutido: drogas e doença celíaca. não estou a falar da relação gluten/drogas mas sim de uma relação indirecta doente celíaco/sistema imunologico fragilizado/drogas. Ou seja, as drogas fazem mal a toda a gente, mas tendo um doente celíaco um sistema imunologico (por natureza) mas frágil, é possivel que as drogas tenham uma influência negativa num doente celíaco, no sentido de ser uma ponte que leva ao aparecimento de novos problemas/doenças oportunistas?
existem drogas, (que normalmente os miudos arranjam pra fumar nas escolas), que possam conter gluten ou um outro componente que possa perturbar o metabolismo de um doente celiaco, mais do que perturba noutra pessoa qualquer? e estou a descartar a parte do "vicio"... faço um apelo para que este tema seja pensado e discutido por médicos e na própria APC. Há uma camada muito jovem, da qual é preciso cuidar e informar para possiveis riscos, que para uns pode ser uma fase rebelde da adolescencia e para outros (doentes celiacos, eventualmente) pode significar, problemas e doenças desnecessarias.

Sol disse...

Caro anónimo:
Todas as sugestões são bem-vindas! Este será um tema que procuraremos aprofundar para, dentro das nossas possibilidades, trazer até ao nosso blog!
As dúvidas de um são as dúvidas de todos!
=)
Saudações sem Glúten!

Anónimo disse...

Para o celíaco o glúten já é uma droga. O tema quanto a mim tem pouco interesse para a APC. As drogas fazem mal a qualquer um ponto final. Se o celíaco estiver a consumir glúten e droga isso faz mal? Hmmm, acho que sim. A droga tem glúten? Quero lá saber. Não é suposto ser consumida!

MRR

Anónimo disse...

Em primeiro lugar, gostaria de felicitar os autores da ideia deste blog.
No entanto, tenho uma sugestão a fazer: activar a moderação de comentários. Não se trata de fazer censura, trata-se unicamente de evitar a difusão de ideias erradas acerca da doença celíaca, uma vez que se pretende que este seja um espaço de informação e de troca de experiências.
Êxitos para o blog!

Anónimo disse...

Eu acho q o anónimo q escreveu o primeiro comentário é o batanete. É que hoje já me conseguiu pôr a rir diversas vezes!
Droga sim, mas sem glúten por favor porque sou celíaco (é de ir às lágrimas)!
Um celíaco que siga a dieta não tem o sistema imunologico fragilizado.

Anónimo disse...

Olá!
Desde já parabéns pela criação deste blog!

Quando comecei a ler a questão colocada pensei que as "drogas" a que se referiam fossem medicamentos...só depois me deparei com "que normalmente os miudos arranjam para fumar nas escolas".

Com toda a certeza do mundo, as drogas farão mal tanto aos Celíacos como aos não Celíacos. Não parece ser um assunto interessante para a comunidade Celíaca em geral...

No entanto, acho que teria todo o interesse aprofundar um pouco mais os conhecimentos e testes a determinados excipientes contidos nos medicamentos... talvez pressionar o Infarmed nesse sentido!

Talvez a sugestão de censurar o site não seja a melhor opção...visto que a "dizer e fazer asneira" também se aprende e caso existam comentários menos bem informados acerca da problemática da DC, com certeza que os moderadores do blog vão oportunamente esclarecer/clarificar as dúvidas/erros.
Fica depois entregue ao bom senso de cada um, não fazer destes assuntos uma batalha campal.

Espero que estejam todos bem e sem precisarem de medicamentos!

Bjinhos e saudades,
V. Anjos

Anónimo disse...

Penso que a APC não está dirigida para esse sentido visto a Doença Celíaca tratar-se de uma intolerância alimentar e não haver nenhum estudo que indique que as drogas inaladas / injectáveis afectem directamente uma doença de foro alimentar.
No fundo o que sabemos é que as drogas fazem mal a QUALQUER INDIVÌDUO e é essa a menssagem que devemos passar!!! É sem dúvida um tema interesante e possivel de ser debatido mas provavelmente pelas ciências psicosociais e não pela APC visto não se tratar de um problema especifico de um celíaco mas sim da população em geral! Além do mais, é algo que exige a realização de investigação e estudos cientificos aplicados e a APC não possui vertentes específicas para tema de tamanha complexidade.

P.S.: parabéns pelo blog :)

Anónimo disse...

Boas noites à Vanessa!
Já viram que a Rita Jorge tira "esses" de umas palavras e mete noutras? Tb deves andar a cheirar fumo de escape de mota!

MRR

Anónimo disse...

Tenho um filho adolescente com doença celíaca diagnosticada há oito meses e com algumas experiências de droga. Vi o blog e achei taõ interessante que o mostrei ao meu filho. Depois vi que um anónimo publicou um comentário sobre droga e admirei a coragem porque eu não a tive e tenho essa mesma preocupação. Mas depois vi algumas respostas e fiquei muito chocado porque pensei que o blog era a sério e afinal há quem se divirta com as dúvidas dos outros. A pergunta que é feita pelo anónimo está bem, mas alguns comentários são de quem não sabe ler ou não percebe as dúvidas e as angústias dos pais. Eu e a minha mulher debatemos este assunto com o médico do nosso filho e ele explicou que as doenças autoimunes podem levar a outras e a doença celíaca, ao afectar os intestinos, condiciona mais a vida das pessoas. Só lamento que alguém se tenha divertido com as dúvidas de uma pessoa que são, possivelmente, dúvidas não perguntadas de tantos outros. E nem percebi a que propósito aparece ali o Batanete. Ele é celíaco? Obrigada e desculpem o desabafo de alguém preocupado.

Sol disse...

Realmente podem ter existido comentários menos próprios, contudo, como pode ver, nós optámos por não activar a moderação de comentários, assim cada pessoa é livre de dizer o que quiser.

Contudo, nós demos importância à questão e, como pode ver, foi respondida por duas dietistas (a actual e a anterior dietistas da APC).

O conselho que lhe dou é que se o seu filho for sócio da associação, marque uma consulta com a dietista e, apesar dela não ter um papel de suporte emocional, poderá esclarecer algumas coisas.

Nós estamos por aqui e se achar pertinente vá dizendo alguma coisa, ou mesmo que seja o seu filho a dizê-las.

Atrevi-me um bocadinho ao responder em nome de todos mas acredito, pelo que falámos, que nenhum de nós desprezou a questão. As dúvidas e preocupações são sempre legítimas.

Um beijinho!

*

Ricardo S. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ricardo S. disse...

De facto, foi opção nossa não activar a moderação de comentários, no sentido de, tal como disse v. anjos, “a dizer e fazer asneira também se aprende”. No entanto, o caso muda de figura, quando os comentários não apresentam questões e diminuem quem as tem.

O objectivo principal da criação deste blog foi a vontade de partilhar experiências, histórias e problemas de cada um acerca da doença e para tal, é necessário haver um espírito que se coadune.

Sinceramente, achei o comentário interessante, pelo menos, porque nunca tinha pensado nessa questão. Mas, prometo que irei pesquisar e caso encontre mais informação coloco-a aqui.

Cumprimentos a todos,

Ricardo S.

Anónimo disse...

Bom dia! Gostei muito da apreciação de Ricardo S, ao contrário do que sucedeu com MRR. Recebi a indicação deste blog através de uma amiga que tem DC e este tema parece-me muito importante. Todas as vertentes da DC devem ser estudadas e a da droga é uma como outra qualquer. E se a droga fragiliza quem tem o físico mais forte, como pode não fragilizar quem o tem mais fraco?
obrigada por terem feito este espaço de debate.

Anónimo disse...

Estou consultando este tema,pois procuro o motivo de minha filha estar sempre reclamando do estomago...
Até os 2 anos de idade,sempre chorou de dor na barriga.Vomitava,chorava...(uma noite eu cuidava dela outra o pai,estavamos cansados)
Quando ela começou se comunicar,famos no hospital,RX,EX,etc. Dói embaixo do externo,vomita seguidamente.♥ normal,pela pesquisa o médico esclareceu q iria encaminhar a um psicólogo,então disistimos do médico,mas o problema ainda perciste...Peço a Deus em nome de Jesus q a cure!
Hoje ela tem 13 anos,as vezes após se alimentar vai ao banheiro,ela ainda vomita... ????????

Sol disse...

Luiza:

Neste momento, sem diagnóstico ainda existe um leque muito grande de possibilidades que deve ir testando para poder excluir até, finalmente, encontrar o diagnóstico correcto e definitivo. Infelizmente estes processos quase nunca são rápidos ou simples.

Se isso a tranquilizar, peça ao seu médico assistente que faça o despiste da Doença Celíaca e, caso o diagnóstico se confirme, estaremos aqui para a apoiar e responder a todas as suas dúvidas.

Boa sorte!

Beijinhos

Carmen G.