19/03/2012

Campo de Férias Sem Espiga


No seguimento do sucesso registado no acampamento realizado no ano passado, a APC e a APC Jovem decidiram apostar na continuidade deste evento. Neste ano, e considerando o feedback recebido por parte dos participantes, iremos realizar o Campo de Férias Sem Espiga com a duração de cinco dias (2 a 7 de Setembro), que terá lugar no campo de férias da Roda Vida,
em Almoçageme, Sintra.
Na expectativa de receber mais inscrições para esta edição, a APC decidiu apostar no trabalho de profissionais experientes, que permitirá não só alargar a faixa etária – dos 8 aos 18 – com uma divisão por grupos, como também um alargamento das actividades, dinamizadas no espaço do campo e na cidade.


As inscrições terminam a 30 de Junho. Actualizaremos este post com mais novidades brevemente.
Podem consultar mais informações e inscreverem-se aqui!

11/03/2012

Histórias sem glúten... [2]

Tenho quase 26 anos, mas na altura tinha 21 anos. Estava abalada por ter uma sintomatologia não verificada nos exames.
Devo confessar que esse periodo da minha vida foi muito difícil, pela DC não controlada, e pelo ambiente social em que vivia: tratava-se do meu segundo ano de faculdade, numa cidade diferente e a viver numa pequena casa na companhia de pessoas com quem não me dava bem e que criavam um mau ambiente.

Como a minha mãe é médica de medicina geral e familiar, apercebeu-se dos sintomas que vinha a coleccionar e sugeriu-me que experimentasse dieta, a ver o que acontecia. Fiquei mais estável, menos irritadiça, pararam as diarreias, a barriga deixou de estar inflamada e fiquei com mais energia e com melhor cara! Disse-me que era doente celíaca e que já tinha desconfiado em bebé, com a transição para as papas e mais tarde em criança.
Contou-me ela que eu em bebé, a partir dos seis meses, tinha momentos bons e momentos maus, saltitando entre uma expressão facial e corporal cheia de vida e alegria, para uma atitude mais apática e triste. Isso vê-se em fotografias. Mais tarde em criança, tinha uma barriga enorme, como as crianças africanas famintas, mal interpretada e que cuja razão na altura se devia à minha falta de jeito para subir ao telhado da vizinha e correr por todo o lado, como a minha irmã tinha feito na mesma idade. Ela contou-me também que tinha falado com vários médicos sobre o assunto mas todos eles diziam que era impossível já que eu tinha o cabelo e a pele sedosos.

Passado um ano em dieta sem glúten, a minha consciência ditava que tudo aquilo era errado, pois privar-me do bom pão sem ter a certeza absoluta e em papel de que seria mesmo doente celíaca, fazia tudo aquilo uma brincadeira de mau gosto. Mesmo sabendo que se comesse, me sentiria mal, precisava de ter a certeza absoluta de que não estava a privar-me do prazer que é a normalidade alimentar.

Então, enchi-me de coragem e pedi à minha mãe que me levasse a um gastroenterologista, para pedir aconselhamento e exames, incluindo a brutal endoscopia.
E assim foi. Recordo que estava a fazer dieta sem glúten há já um ano, voltando agora ao regime alimentar dito "normal".
Como infelizmente o ambiente na casa onde vivia, como estudante académica, não era o melhor, houve pressão e maus tratos verbais e psicológicos, forçando-me a fazer o exame com apenas três semanas de dieta com glúten. Terrível.

Penso que terá sido por isso que os exames deram todos negativos... Nunca saberei nem o desejo saber. Não queria nem quero passar pelo tormento, pois foi uma endoscopia feita em Coimbra num hospital bom mas sem qualquer anestesia. Foi uma autêntica tortura.
Com o conselho do médico especialista, segui e ainda sigo uma dieta sem glúten, cumprida com rigor, tirando os pequenos erros humanos inocentes(descuido) ou culpados(maldade alheia).

No inicio da minha vida sem glúten, ainda comi qualquer coisa a ver no que dava, para ter a certeza. E sim....causa efeito: diarreia e barriga dilatada acompanhada de graves cólicas intestinais.
Uma vez sentida e plenamente consciente a dura verdade de que era uma doente celíaca, aceitei a minha condição. Sou feliz.

Agora para aliviar o ambiente da minha carta, conto-vos uma outra história, passada num restaurante de Portalegre, em que pedi um prato de picanha(do tipo brasileiro) e o prato veio com migas. Pedi desculpa pelo incómodo e pedi que me preparassem outro prato, de raíz, pois "era alérgica"
(mais vale dizer alérgica porque a palavra intolerante é vista por muitas pessoas como empertigada e é mais fácil de perceberem;contudo aos meus colegas e pessoas mais cultas digo que sou intolerante)
Veio um prato novo em folha, sem migas, quase à moda brasileiro, saboroso e, de repente, vejo todo um conjunto de cozinheiros e auxiliares de cozinha, no balcão do restaurante a olhar para mim, espantados. Fiquei surpresa com aquilo. No meio daquela confusão consegui perceber que me estavam a olhar, interessados pelo empregado de mesa lhes ter pedido um prato "especial" porque havia uma menina alérgica ao pão. Não gozo, mas eu vi-os a rir-se e a dizer "pois, é claro que é magrinha a menina coitadinha" de forma alegre e ao mesmo tempo terna, com pena...

Rute Estanqueiro

03/03/2012

Jovens celíacos europeus visitam Lisboa

Dois representantes da direcção da CYE – Coeliac Youth of Europe –, Hanna, da Finlândia, e Francesco, de Itália, visitaram Lisboa com o intuito de conhecerem a APC Jovem e de terem algum contacto com a realidade portuguesa.

O encontro foi marcado para dia 18 de Fevereiro, um sábado soalheiro, ideal para ilustrar o nosso clima mediterrânico. Foi nosso objectivo apresentar a estes «convidados» a realidade e as actividades da APC e da APC Jovem, pelo que começámos a manhã com uma visita às novas instalações da Associação.
Daí seguimos para Sintra, onde a breve paragem pelas ruas do centro histórico despertou o interesse para uma exploração mais aprofundada. O ponto seguinte foi no restaurante Adega das Azenhas, situado junto à entrada das Azenhas do Mar, tipicamente português e, por isso mesmo, adequado ao dia em questão, com pratos simples e saborosos que introduziram a cozinha portuguesa.
O momento central deste sábado foi a visita ao campo de férias da Roda Viva, em Almoçageme, onde conhecemos o espaço escolhido para o Campo de Férias Sem Espiga. Decidimos levar a Hanna e o Francesco a percorrer este local para que, em primeira mão, experienciassem o palco em que decorrerá um dos próximos e mais relevantes eventos da APC. A reacção não poderia ter sido mais positiva, uma vez que ambos mostraram interesse em divulgar a actividade.
A surpresa que pautou a espontaneidade do encontro foi o lanche levado pela Soluções Sem Glúten, que permitiu aos jovens europeus experimentar pastéis de nata, bom bocado e bolas-de-berlim sem glúten e com toque luso!

Antes do regresso a Lisboa para uma reunião informal sobre os projectos de ambas as partes, passámos pelo Cabo da Roca para mostrar mais um ponto emblemático de nosso país. De regresso à capital, a APC Jovem reuniu com a direcção da CYE para discutir os projectos em curso e trocar opiniões sobre o trabalho desenvolvido nos vários países membros, sempre com
vista a recolher inspiração e dicas para uma melhoria no desempenho das nossas actividades.