Como lidar com o gigantesco ponto de interrogação que habita a cozinha de qualquer restaurante, território completamente fora do nosso controlo e onde passam a ser tomadas decisões fundamentais para a nossa saúde a partir do momento em que optamos por sentar e pedir o menu?
Quisemos deixar algumas ideias que, pensamos nós, a/o poderão ajudar. Para este desafio deverá lançar mão de três recursos: perspicácia, diplomacia e perseverança.
O sucesso depende da sua eficácia em firmar um contrato individual com este restaurante, um contrato baseado em confiança e compreensão mútuas.
Infelizmente, vai entrar nesta negociação em desvantagem: a doença celíaca é uma das doenças crónicas mais frequentes no Ocidente, mas está largamente subdiagnosticada em Portugal e tem um reduzidíssimo reconhecimento público. Não desanime, pois se conseguir convencer este restaurante de que investir na sua fidelização como cliente será um bom negócio, venceu esta batalha.
Encontrar alguém que lhe inspire confiança, disposto a ouvi-la/o e a assegurar que a sua refeição não sai contaminada de uma cozinha em rebuliço durante a hora do almoço ou do jantar é uma oportunidade que não deve deixar fugir. E aqui entra a sua responsabilidade, como principal interessado neste acordo, porque é a si que caberá informar e sensibilizar a equipa daquele restaurante para todos os detalhes, tão pequenos quanto essenciais.
Peça apenas o que lhe pode ser dado. Neste contrato também o cliente terá condições a cumprir, para que se obtenha um equilíbrio entre os procedimentos de segurança e o ritmo de funcionamento do restaurante. A pressa e as horas de ponta dificultam em muito a tarefa, e podem resultar no insucesso deste contrato, com um cliente que não confia na refeição que lhe é dada ou um restaurante que conclui que lhe é desvantajoso procurar manter este cliente.
Combine passar pelo restaurante a uma hora calma. Verifique que informação possuem sobre procedimentos de selecção de ingredientes e evicção da contaminação. Reveja todos os pontos do processo de preparação, corrigindo as lacunas de segurança. Aponte os produtos usados na refeição que pretende, verifique se estes produtos são seguros* ou não e transmita essa informação ao restaurante. É importantíssimo verificar mesmo todos os ingredientes e não tomar nada por implícito, para que não existam mal-entendidos. Pergunte se será útil um resumo simples das informações para ficar afixado na cozinha.
Estabelecida uma parceria com este restaurante, volte lá bastantes vezes. E acompanhada/o, com a família, os amigos, a/o namorada/o. Tome em atenção que continua a ser da sua responsabilidade verificar se o restaurante permanece bem informado sobre os procedimentos de segurança, e se os produtos usados na sua refeição continuam a ser seguros.
E divulgue, começando por deixar um comentário aqui no blogue! Quantos mais contratos destes existirem com um mesmo restaurante, mais este estará sensibilizado e mais seguros estarão os seus clientes celíacos.
* Consulte as listas de produtos analisados disponíveis na
Área do Sócio do portal da APC, http://celiacos.org.pt.
Artigo relacionado | http://sem-espiga.blogspot.com/2009/08/contaminacao-cruzada.html
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