10/01/2010

Doença Celíaca no Puerpério


A gravidez é considerada pela maioria dos especialistas na área, um factor desencadeante ou de reactivação da doença celíaca e, como tal, muitos têm sido os casos de DC manifestados na fase do puerpério[i].

Sustentando a teoria de que a gravidez está directamente relacionada com o desencadear de casos de DC temos o estudo de prevalência da doença celíaca em mulheres grávidas, realizado no Departamento de Obstetrícia da Universidade de Nápoles (Itália), onde se rastrearam serologicamente 845 grávidas, tendo-se identificado 12 casos positivos que foram confirmados histologicamente (através de biópsia). Nove destas mulheres desconheciam ser portadoras da doença, e nenhuma referia sintomatologia gastrointestinal. Neste estudo foi identificada uma doente celíaca em cada 70 mulheres, prevalência consideravelmente maior que a da maioria das doenças para as quais as mulheres grávidas são rastreadas por rotina.

Na doença celíaca, como em outras doenças com características auto-imunes, pode ocorrer uma intensificação das reacções imunológicas latentes ou ocultas na fase da gravidez. A exposição materna a antigénios fetais e alterações nos níveis séricos de hormonas sexuais femininas, durante a gravidez e o puerpério, podem activar uma doença celíaca latente, de um modo não esclarecido. Em suma, as modificações que se produzem no corpo da mulher grávida, directamente relacionadas com o feto ou com as necessárias alterações ao seu desenvolvimento, podem fazer com que a doença celíaca (que obrigatoriamente já tem de existir ainda que de forma não diagnosticada) se torne mais premente, o que obriga ao seu estudo e posterior diagnóstico.

Assim é importante que todas as puérperas, bem como as mulheres grávidas, tenham em atenção sintomas como diarreia crónica, emagrecimento e edemas. Em caso de encontrar neste texto correspondência com a sua situação não hesite em recorrer ao seu médico assistente colocando a hipótese de ser doente celíaca.

[i] Nome dado à fase pós-parto, em que a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas, tendendo a voltar ao estado que a caracterizava antes da gravidez.


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Referências Bibliográficas:

CARDOSO, H.; TEIXEIRA, A.; MACHADO, A.; et al – Doença Celíaca Manifestada no Puerpério, GE vol. 13; Outubro/Novembro de 2005; pp. 47 a 50.

COSTA, J.; SANTOS, M.; CARRILHO, F.; et al – Diagnóstico de Doença Celíaca na Idade Adulta, retirado da World Wide Web.

Carmen G.

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