29/09/2010

Novos Horizontes*

Actualmente o único tratamento para a doença celíaca consiste, como bem sabemos, numa dieta isenta de glúten durante toda a vida. Esta dieta nem sempre é fácil, sendo geralmente dispendiosa e dificultada pela variedade reduzida de opções – ainda que este ponto tenha melhorado nos últimos anos.

Com o avançar da ciência novos horizontes têm sido abertos, sendo as hipóteses actualmente mais próximas de efectivação a vacina, que curaria (ao contrário da maior das vacinas que apenas previne) a DC, e os comprimidos que permitiriam que o celíaco pudesse ingerir glúten sem uma resposta negativa do seu organismo.

Relativamente à vacina, esta vem sendo desenvolvida por uma equipa de cientistas australianos, tendo já sido testada com sucesso em animais. Espera-se que os testes em humanos comecem em breve e, segundo o responsável pela investigação, a vacina conteria um fragmento de glúten que faria com que o corpo “aprendesse” a ser tolerante, isto é, existiria uma dessensibilização ao glúten. Esta é uma hipótese francamente animadora para todos os celíacos, contudo, ainda tem um longo caminho a percorrer…

Já os comprimidos parecem ser uma realidade mais próxima uma vez que a sua testagem já se encontra na fase 2b (sendo que a 3 é a última fase antes da comercialização, durando cada fase cerca de 10 anos). Estes comprimidos formariam um grupo denominado antagonistas dos receptores da zonulina, que é uma proteína relacionada com a permeabilidade dos tecidos epiteliais que apresenta valores mais elevados nos celíacos do que na restante população. Estando actualmente a ser testado num grupo de 180 pessoas, este fármaco deveria ser ingerido antes de cada refeição, uma vez que a sua eficácia seria por períodos de cerca de 2 a 3 horas.

O avanço da ciência abriu também novas possibilidades na cura da DC, entre as quais a desintoxicação da gliadina, a realização de suplementos orais de enzimas especiais, a fabricação de compostos que possam bloquear o local de adesão das moléculas nocivas aos celíacos e administração nasal de gliadina por forma a adquirir tolerância à mesma. É relevante o facto de todas estas possibilidades poderem ocorrer apenas com recurso à engenharia genética e, por isso, ainda se encontrarem numa fase “embrionária” de desenvolvimento.

Por agora, temos a dieta que nos permite levar uma vida perfeitamente normal. E vivemos bem com ela, estamos mestres na rotulagem e temos os bolsos cheios de estratégias de sobrevivência. Às vezes não é fácil, mas nunca é difícil. Absolutamente “sem espiga”.

* Todas as informações apresentadas neste post foram retiradas de publicações científicas certificadas.


Carmen G.

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